sexta-feira, 28 de novembro de 2008

se alguém o vir...


...por favor comunique. É que já não se vê por aqui doutrina há muito... ;)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

objectos práticos

começo já a dar sugestões para prendas de Natal úteis ;)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Hoje recebi, no meu e-mail, um texto de Mia Couto, publicado no Jornal Savana, que exprime uma perspectiva que considero, no mínimo, interessante e digna de reflexão. Não podia deixar de partilhá-lo:


E se Obama fosse africano?

Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.
Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.
Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.
Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: "E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto. E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?
1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.
2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.
3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.
4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).
5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas – tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.
6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.
Inconclusivas conclusões.
Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.
Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.
A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.
Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.
No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.
Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.

Mia Couto, Jornal Savana, 14 de Novembro de 2008

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Cemitérios do Porto

Não pretende ser um post mórbido ou sombrio, de todo. Apesar de o tema parecer lúgubre, gostaria hoje de dar destaque à iniciativa promovida pela Câmara Municipal do Porto desde 2004 - o Ciclo Cultural dos Cemitérios Municipais, que inclui actividades como concertos de música sacra, exposições fotográficas, palestras e visitas guiadas, entre outros.
Alguns dos "jardins de pedra" do Porto remontam ao séc. XVIII, sendo que só um século mais tarde surgiriam os primeiros cemitérios públicos - Lapa, Agramonte e Prado do Repouso, todos com marcada inspiração do cemitério Père Lachaise, em Paris. Proliferavam as oficinas de canteiros, que progressivamente dotaram estes locais de inúmeras manifestações de arte funerária, tornando-os autênticos "museus da morte", com uma profusão de símbolos e obras de elevado valor arquitectónico e escultórico. De destacar as contribuições de Tomás Soller, Teixeira Lopes, Soares dos Reis, entre outros.

Alguns símbolos:
  • ciprestes - representam, pela sua verdura e longevidade, a imortalidade e a ressurreição
  • colunas truncadas - colunas como símbolo de estabilidade; truncadas significam que a vida se quebrou
  • uroboro - esta cobra, engolindo a sua própria cauda, representa o tempo cíclico, a eternidade
  • tocha invertida - símbolo da purificação através da iluminação; invertida, reporta-se à morte, como inverso da vida, escuridão
  • ampulheta - transitoriedade da vida, o tempo que voa (por vezes, representada com asas de morcego - noite - e outras com asas de anjo - dia)
Aconselho vivamente a visita.

consultar www.cm-porto.pt na área dedicada a ambiente e higiene pública
Lamentavelmente não consegui postar as fotografias relativas aos símbolos. Deixo, contudo, algumas fotografias minhas dos cemitérios de Agramonte e Prado do Repouso.

domingo, 9 de novembro de 2008

CINANIMA


Começa já amanhã, dia 10 de Novembro, a 32.ª edição do Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação, que se prolonga até Domingo, dia 16. Esta iniciativa, promovida pela cooperativa NASCENTE e pela Câmara Municipal de Espinho, compreende não só sessões competitivas (nacional e internacional), como também sessões não competitivas, mostras, workshops e exposições.
Para os interessados, estão disponíveis informações mais detalhadas sobre os filmes e as demais actividades no site oficial http://www.cinanima.pt/.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008




I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: "We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal."








So don't tell us change isn't possible.
Don't tell me we can't change.

Yes, we can. Yes, we can change. Yes, we can.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

publicidade



As maravilhas do marketing :)


Dreams in colour

Hoje tenho, necessariamente, que dar destaque a um dos grandes cantores portugueses da actualidade. Se já contava com a minha admiração enquanto vocalista dos Silence4, David Fonseca tem vindo a superar todas as expectativas, com a maturidade do seu trabalho a solo.

Dreams in colour é o tema que deu o nome ao seu terceiro disco.


domingo, 2 de novembro de 2008

Como quem é vivo sempre aparece, a pedido de algumas famílias ;p, cá estou de volta. De facto a pedalada tem ocupado umas horas mas há sempre tempo para as coisas que realmente interessam. Aproveito para deixar aqui uma homenagem que como jovem sempre ligado à música não podia deixar de fazer. Desta vez trata-se de uma grande voz portuguesa, ainda que com algumas raízes além-fronteiras. Daniela Galbin canta como pouca gente hoje o faz. Integrou já vários projectos de Blues, musicais e tem também o seu projecto a solo. Aqui fica um vídeo de uma música da própria.




http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=398883072

o desaparecido...


A doutrina anda a divergir muito pouco dada a ausência sentida do nosso colaborador, Dr. Costa Branco.
Alegadamente, andará por aí a arrebatar corações de cabelo ao vento, num veículo de duas rodas.

(não queres parar de pedalar um bocadinho e dizer qualquer coisa?;))


Entretanto, fica a música do dia. Bela voz.



Warwick Avenue - Duffy

sábado, 1 de novembro de 2008

o queijo

Um post dedicado a uma das maravilhas de Portugal, feita de leite de ovelha cru, sal e cardo, que eu tive o prazer de provar outro dia. A acompanhar com pão regional ;)

tcharan!
o... queijo de Azeitão :)