sábado, 29 de janeiro de 2011

Filme do Desassossego, de João Botelho




Lisboa, hoje. Um quarto de uma casa na Rua dos Douradores. Um homem inventa sonhos e estabelece teorias sobre eles. A própria matéria dos sonhos torna-se fídica, palpável, visível. O próprio texto torna-se matéria na sua sonoridade musical. E, diante dos nossos olhos, essa música sentida nos ouvidos, no cérebro e no coração, espalha-se pela rua onde vive, pela cidade que ele ama acima de tudo e pelo mundo inteiro. Filme desassossegado sobre fragmentos de um livro infinito e armadilhado, de uma fulgurância quase demente, mas de genial claridade. O momento solar de criação de Fernando Pessoa. A solidão absoluta e perfeita do Eu, sideral e sem remédio. Deus sou Eu!, também escreveu Bernardo Soares.


Inspirado n' O Livro do Desassossego, de Bernardo Soares, exige uma reflexão que dificilmente o cansaço de quinta-feira à noite nos proporcionará.
Ficou, pelo menos, a curiosidade de pegar no livro e ler alguns dos seus magníficos fragmentos.


Um filme que, nas palavras do realizador, não se coaduna com shoppings, pipocas e coca-cola.

Em digressão pelo país.*



* Para mais informações sobre a digressão, consultar este site